AGRONEGÓCIO: UM BOM DESAFIO PARA O BRASIL
O ano de 2016 não foi de grande expressão para o agronegócio. De acordo com Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o ano que passou “é um ano para ser esquecido”.
Com a recente divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE) de 2016, foi registrada uma queda de 3,6% em relação ao PIB do ano anterior. Já no agronegócio, a queda foi de 6,6% em relação ao ano de 2015.
Para a balança comercial, saldo entre exportações e importações do país, as exportações do agribusiness são, historicamente, o fator de maior peso para que esse saldo seja positivo, já que elas representam, atualmente, 48% de todas as exportações do país. Assim, além do saldo da balança ser utilizado para calcular o PIB, também nos dá uma ideia do tamanho desse segmento de mercado.
O Brasil lidera as exportações de café, suco de laranja e açúcar. O primeiro levantamento da safra cafeeira de 2017 foi feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) juntamente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), nele foi previsto que a produção brasileira no período entre julho do ano de 2016 e julho de 2017 poderá chegar a 47,51 milhões de sacas. Isto é, a produção brasileira de café corresponderá à aproximadamente 31,3% da produção mundial. A produção de laranja entre os anos de 2015 e 2016 foi prejudicada pelas altas temperaturas. O sudeste, maior região produtora, fechou ano de 2016 com queda de 10% em comparação com a safra anterior e o norte, região mais afetada, com queda de 25% em comparação a 2015. No mercado açucareiro, os produtores de cana também sofreram queda na sua produtividade por conta do clima: as chuvas e geadas afetaram não só o tempo de colheita, mas também a perda na produção. Embora tenha contado com essas adversidades, o Brasil se manteve em quarto lugar no ranking mundial de exportação agrícola.
Mesmo com as quedas na produção durante o ano de 2016, as vagas de emprego relacionadas ao agribusiness tiveram um aumento. Enquanto nos demais setores houve corte de cerca de 792 mil vagas, no agribusiness foram criadas 50 mil vagas nos dez primeiros meses do referido ano.
Para o ano de 2017, a Conab prevê um aumento na produção anual de grãos, além de ter previsões para melhora climática. Esse aumento se dará, principalmente, pelo aumento da produtividade e desse modo, melhor uso das terras. Com maior produção, o Brasil será capaz de exportar mais, já que segundo alguns especialistas, o número de exportações do país só não é maior por conta da produção. Principalmente para países que são grandes importadores de produtos do agronegócio brasileiro, como por exemplo: China com a soja, Índia com a cana-de-açúcar e Estados Unidos e Alemanha com café.
Mesmo o Brasil tendo como uma de suas principais forças o agribusiness, é impressionante como fenômenos naturais afetam de forma tão significativa nossa economia. O fenômeno do El Niño é o aquecimento das águas do Pacífico Sul que como consequência a alteração climática em diversas regiões do mundo. Segundo economistas, 0,9 ponto percentual da inflação pode ser atribuído ao El Niño. Tal efeito tem grande efeito na agricultura brasileira, durante o ano de 2015 o nordeste foi afetado principalmente com maiores secas e o sul do país com maiores chuvas, desse modo, o preço de diversos alimentos foram elevados. O impacto de 2015 foi levado também para 2016, e se amenizou a partir do segundo trimestre do ano. Com as consequências na produção, a inflação em relação aos alimentos tende a diminuir em 2017, já que a produção agrícola tende a aumentar.
Hoje, aproximadamente um terço do que é produzido pela agricultura brasileira é desperdiçado, não só no campo, mas também durante o transporte e no consumo das famílias. Nesse sentido, o país ainda não apresentou grandes avanços, o que pode ser um problema, uma vez que o aumento da produção também resultará em maiores desperdícios. Um dos principais problemas é a infraestrutura de escoamento. Desde tombamentos de carretas até atoleiros (como exemplo tem-se os mais de 4 mil caminhoneiros que ficaram presos mais de uma semana na rodovia BR-163 no sudeste do Pará no início de janeiro de 2017), passando pela deficiência dos portos à falta de recursos voltados às hidrovias, todos esses fatores somam-se e acabam por tornar-se um grande impasse para maior crescimento das exportações.
Embora o carrego estatístico – efeito do PIB de 2016 que impacta 2017 – seja de -1,1%, espera-se certa recuperação do PIB. Segundo o IBGE, a previsão é que a colheita de grãos aumente 21,8% em relação a 2016. A colheita de soja 2016/2017 já aponta recorde, com 31,04 milhões de toneladas. Também na soja, espera-se um aumento de produtividade, passando de 54 sacas por hectare para 55,06. Já para o café, espera-se um menor ciclo produtivo por contas do clima, principalmente do Espírito Santo. As safras cafeeiras do Brasil devem ficar em torno de 43,65 e 47,51 milhões de sacas, contrastando com as 51,37 milhões do ano de 2016. Principalmente por conta da supersafra da soja, é esperado um auxílio na recuperação do PIB brasileiro, que já possui previsão de crescer de maneira moderada no primeiro trimestre de 2017, haja vista que para esse ano espera-se um PIB com viés de alta.
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