WhatsApp

FALE CONOSCO
PELO WHATSAPP

FIQUE POR DENTRO

FIQUE POR DENTRO

A UNIÃO EUROPEIA PODE ESTAR PERTO DO FIM

Os blocos econômicos existentes ao redor do mundo têm uma importância gigantesca para a economia mundial.

Assim, representam facilidades para países realizarem trocas comerciais, impulsionando importações e exportações. Para organizá-los, diversos fatores são levados em consideração, como por exemplo interesses culturais, localização, situação econômica, entre outros. Entre esses blocos, um dos mais importantes é a União Europeia: que movimenta mais de 4 trilhões de dólares anualmente.

A União Europeia (UE) é uma união econômica e monetária de 28 países da Europa, ainda se considerando o Reino Unido. Em 1957, surge, em um contexto pós-segunda guerra mundial e um contexto de guerra fria, a Comunidade Econômica Europeia (CEE), formada por 6 países com o intuito de reerguer os membros tanto economicamente quanto militarmente. Esse grupo viria a dar origem a União Europeia apenas na década de 90. Em 1999, é criado o Banco Central Europeu e uma moeda única: o Euro, capaz de competir lado a lado com o dólar norte-americano. Essa força vem do fato de a União Europeia poder se caracterizar como um único país: reduzindo barreiras físicas, jurídicas e burocráticas, permitindo a livre circulação de mercadorias, serviços e pessoas.

Entretanto, a força em conjunto desses países se mostrou negativa após a crise financeira de 2008 que perdura até hoje, como podemos observar no gráfico acima. Segundo um dos principais jornalistas do mundo Matin Wolff do Financial Times, as raízes da crise se encontram na paralização do financiamento privado, uma vez que muitos países dependiam dessa fonte de recurso. Isso fez com que Estônia, Portugal, Grécia, Espanha, Itália, Irlanda e outros entrassem em crise na balança de pagamento por causa dos déficits nas contas correntes dos países.

Usando o caso da Alemanha em relação à Grécia como referência da situação citada: a relação, pré-crise, era benéfica para ambos os países. A Alemanha, país mais forte da UE, tinha livre acesso ao mercado grego e a Grécia ganhava linhas de crédito a baixos juros alemães. Contudo, após a crise, a Grécia tornou-se incapaz de cumprir com suas dívidas, deixando a Alemanha com duas opções: salvá-la ou não. Expandido a referência para os países deficitários, explicitados acima, deixá-los falir, pelo lado positivo, faria com que tomassem maior cuidado com suas decisões de gastos, mas o trade off seria deixar o Euro se desvalorizar, assim como a comunidade europeia. Salvar esses países traria fortes imposições estabelecidas pela Alemanha que poderiam aumentar o desemprego e gerar forte descontentamento da população.

Dada as fortes imposições, surge em paralelo ao problema econômico um novo: a cultura individual de cada país que anseia por soberania. Assim, as imposições bateram de frente com o desejo de autonomia, desencadeando em um processo de descentralização e ondas de protecionismo pela Europa. Apesar de não atrelado ao caso da Alemanha com a Grécia, um exemplo do descontentamento cultural atrelado ao fraco desempenho econômico, gerando resultados inesperados é a recente saída do o Reino Unido da União Europeia (Brexit). Decidido em plebiscito realizado pela população em votação não obrigatória, o resultado mostra o descontentamento do povo inglês. A decisão trouxe instabilidade e incertezas financeiras, econômicas e políticas para o bloco e para o mundo.

Continuando no contexto de protecionismo, chegamos na figura de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos. Eleito, contra as expectativas, com discursos e promessas polêmicas, Trump, além de ações visivelmente protecionistas como prometer construir um muro entre os EUA e México, promete ainda que fará os Estudos Unidos grande novamente, incentivando seus mercados financeiros, desfazendo leis de regulamentação, gastos com infraestrutura e políticas anti-imigração.

Nesse cenário de crise econômica e cultural que afetam a situação sociopolítica e financeira de diversos países da Europa, aliado a fatos que dão força ao movimento protecionista pelo mundo, como a votação do Brexit e a eleição de Trump, cria-se espaço para um novo, também improvável, fenômeno: Marine Le Pen no comando da França. Suas afirmações mais polêmicas são: tornar a França mais independente dos EUA, além de considerar instituições como Organização Mundial do Comércio, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial ultrapassados. Para ela, protecionismo, ter uma postura radical contra a imigração e, por fim, deixar o Euro, retomando ao Franco, e saindo da União Europeia seriam a solução francesa para a volta do desenvolvimento econômico. Le Pen culpa o Euro pelo desemprego no país e chama o União Europeia de “Máquina de matar e moer países”, essas afirmações da candidata francesa podem fazer alusão ao poder da Alemanha no bloco econômico. Segundo as pesquisas feitas para mapear as intenções de votos, Le Pen chegaria ao segundo turno, mostrando que suas ideias ressoam com força entre os franceses.

Supondo um cenário no qual Le Pen é eleita e a França é retirada da União Europeia, o bloco econômico ficaria extremamente debilitado e, possivelmente, perto do fim. Uma vez que, das três principais economias da União Europeia, duas, França e Reino Unido, teriam saído. Isso, sem considerar que a França impulsionaria outros países a considerar o mesmo caminho. Em outros países, partidos eurocéticos vêm ganhando cada vez mais espaço. Isso se dá em países outrora vistos como membros importantes na Zona do Euro, como Dinamarca, Hungria e, até mesmo, na própria Alemanha, hoje o último pilar forte da ideia de uma Europa única.

Caso a União Europeia de fato chegue ao fim, difícil é ponderar os impactos de um evento de tamanha magnitude, principalmente a longo prazo. Entretanto, o curto prazo será marcado por extrema incerteza. Definitivamente essa história está longe de acabar.

ANTERIORPRÓXIMA

Leave a Comment

sing in to post your comment or sign-up if you dont have any account.