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ENTREVISTA COM HEADS DE INVESTMENT BANKING DO MORGAN STANLEY

Alessandro e Eduardo são importantes nomes no mercado financeiro e em entrevista para a Insper Jr. Consulting.

Alessandro Zema, Managing Director e Co-Head de Investment Banking, é formado em administração pela USP, pós graduado em Business Administration pela London Business School e com MBA pela Wharton School.

Eduardo Miras, Managing Director e Co-Head de Investment Banking, é formado em administração pela FGV/Universidade de Illinois.

Alessandro e Eduardo são importantes nomes no mercado financeiro e em entrevista para a Insper Jr. Consulting, no mês de abril, contam sobre suas trajetórias profissionais e desafios da área de Investment Banking; além de discorrerem acerca do panorama atual da economia.

A área de Investment Banking costuma ser uma das mais procuradas pelos alunos do Insper, O que dentre a estrutura de sua área e suas características de trabalho vocês acreditam que sejam os principais motivos de atração? E o que vocês esperam dos alunos do Insper?

Alessandro Zema: A área de Investment Banking proporciona uma curva de aprendizagem muito rápida. Os estagiários que trazemos têm a oportunidade de testar e desenvolver habilidades analíticas, interpessoais e de negociação. Acho, ainda, que as pessoas se atraem pela área pelo fato de dificilmente um dia ser igual ao outro. As coisas são muito dinâmicas, estamos sempre aprendendo sobre diferentes indústrias e empresas, sempre fazendo operações diferentes.

Eduardo Miras: Acredito que a área de Investment Banking é uma grande formadora de profissionais do mercado financeiro. Não somente para aqueles que desejam seguir uma carreira na área, a experiência te dá uma base para um prosseguimento nas mais diversas esferas do mercado, como uma entrada para fundos de Private Equity, empresas ou até empreendimentos próprios. Estando em uma posição de estagiário, a exposição é grande para uma série de situações, lidando com diferentes setores, indústrias e pessoas, principalmente em um banco global com forte contato com o exterior.

Em relação aos alunos do Insper, primeiramente exigimos bastante dedicação, visto que o trabalho requer uma grande quantidade de horas e uma intensidade bastante grande, mas ainda além disso, esperamos pessoas curiosas que irão aprender com uma maior facilidade e rapidez se fizerem perguntas e questionarem. Outro ponto importante é serem pessoas com capacidade criativa, visto que o trabalho na área possui diversas regras que devem ser seguidas, mas vê-se que as pessoas mais criativas acabam se sobressaindo. Partimos da premissa que o lado técnico já é bastante desenvolvido, dado a formação qualificada da faculdade, e que um perfil mais comercial e comunicativo é essencial. No banco queremos contratar pessoas vislumbrando a carreira a longo prazo, então não queremos somente aquele profissional que sabe fazer maravilhas em uma planilha do Excel, mas que não possui a capacidade de passar isto na forma de apresentação e se envolver com o cliente.

A área de mercado de capitais foi bastante afetada pela crise econômica com apenas uma oferta pública de ações (IPO) sendo concretizada e menos processos de emissão de dívida no ano passado. Qual foi o processo do banco para se adaptar a essa situação?

Alessandro Zema: No momento de recessão que o Brasil passou, a atividade de mercado de capitais como um todo ficou muito reduzida. Nós, assim como boa parte do mercado, tentamos focar em Mergers and Acquisitions, focando ainda em operações locais, de consolidação de setor, como também em operações cross-border. As empresas multinacionais com alguma relevância no Brasil tomaram uma decisão entre sair de vez do Brasil, ou dobrar a aposta de ficar no país e eventualmente comprar a empresa e consolidar. Então, aconteceram algumas operações de multinacionais vendendo operações no Brasil e outras que optaram pela segunda opção, portanto tentamos capturar boa parte desse fluxo de operações de M&A que aconteceu. Além disso, passamos a trabalhar bastante fazendo reestruturações de dívida de empresas, isso porque nesse momento de crise que o Brasil passou, muitas empresas estavam muito alavancadas e passaram por dificuldades, assim tentamos fazer assessoramento do processo de reestruturação de dívida dessas empresas.

Eduardo Miras: É importante esclarecer que o Investment Banking não é dependente somente do mercado de capital. Quando comecei minha carreira há 20 anos o mercado de capitais era muito pequeno no Brasil, então era algo muito mais focado em Mergers and Acquisitions e Advisory. Apesar do carro chefe do Morgan Stanley ser a posição de Advisory, que pode envolver mercado de capitais e isto é sim bastante relevante para nossa operação, há uma ampla gama de produtos que podem ser acionados, como reestruturação e busca de recursos no mercado privado. Com esse equilíbrio, mesmo em anos ruins, conseguimos obter bons resultados sem depender somente do mercado de capitais.

O primeiro trimestre de 2017 iniciou com dados de inflação em curso abaixo da meta e corte na taxa Selic logo na primeira reunião do Copom. Como vocês veem o cenário macro brasileiro para o ano e o que muda na visão dos empresários.

Alessandro Zema: A visão do banco com relação a este ano é de uma taxa de câmbio relativamente estável, entre R$3,00 e R$3,30 por dólar, além de uma taxa de inflação bem próxima do centro da meta. Em conjunto, é esperada uma taxa de juros abaixo de dois dígitos, estamos com expectativa para uma taxa de juros de 9%, mas existe a chance de o COPOM ser mais agressivo e essa taxa acabar caindo abaixo deste valor.

Dando um passo para trás, acho que pela primeira vez o Brasil tem um governo que tem a vontade política e a convicção econômica para fazer as reformas necessárias. No governo anterior, se tinha a convicção econômica errada e nenhuma habilidade para implementar reformas, uma agenda que é muito necessária ao Brasil. Por isso, hoje os empresários começam a enxergar que existe um benefício grande de se criar um desenvolvimento sustentável no longo prazo. No entanto, este não é um processo imediato, as empresas ainda estão em processo de desalavancagem, a taxa de desemprego e a taxa de juros ainda são muito altas, então não se vê empresários imediatamente falando que vão investir pesadamente. Mas, que existe uma boa vontade na perspectiva com relação ao futuro, existe, e sem dúvida há perspectiva de crescimento para 2018.

Eduardo Miras: A visão do banco é que a taxa de juros vai continuar caindo, inclusive o nosso relatório interno acabou de ser revisado, mostrando que a expectativa é que a taxa chegará a 8,5% no final do ano. Isso sem dúvida, para o ambiente do mercado de capitais e para o ambiente corporativo é uma bela noticia, visto que se dá um maior fôlego para as companhias e, assim, gera-se um maior nível de confiança por parte dos investidores. Uma maior confiança dos investidores é chave, visto que acarreta em um ciclo de maiores investimentos e crescimento econômico. O que é parte integrante desta mudança de ambiente são as reformas que estão para ocorrer. Dependendo de como elas saírem, com certeza afeta nas perspectivas de mercado e influenciam no crescimento econômico.

Seguindo o mesmo tópico sobre a retomada do cenário brasileiro, como vocês veem as crescentes expectativas de aumento de IPOs no ano?

Alessandro Zema: O movimento dos mercados de IPO já foi retomado em 2016. Geralmente, quando o país entra em recessão e os mercados de capitais ficam com a atividade tão limitada quanto aconteceu no Brasil, como exemplo, durante 11 meses não houve nenhuma emissão de dívida no mercado internacional (de junho de 2015 a maio de 2016) fato que eu nunca havia visto. Quando o país sai da recessão, em primeiro lugar é reaberto o mercado de dívida, e então o mercado de equity, e foi assim que aconteceu. O mercado de dívida reabriu em maio de 2016 e o de equity em junho do mesmo ano, e desde então já aconteceram 11 operações deste último no mercado, dos quais cinco foram IPO’s e seis foram follow ons, totalizando aproximadamente 5 bilhões de dólares em operações de equity.

Eduardo Miras: É difícil estimar um número preciso de transações, acredito que devemos ver provavelmente algo em torno de 20 transações. Até hoje já foram quase 10, entre IPOs e follow-ons – inclusive operação da Netshoes para essa semana, e mais algumas para os próximos meses. A razão pelo qual estas companhias estão indo a mercado varia bastante de caso a caso, desde busca por liquidez por parte de empresas investidas de fundos de Private Equity, até companhias captando para diferenciar sua estrutura de capital ou para angariar recursos para crescer. Acredito que são uma série de fatores dentre cada companhia que leva a uma operação desta – não acredito que exista uma tendência principal para este movimento. O mercado para estar, de certa forma, equilibrado entre as expectativas de vendedores e investidores – não há uma euforia à toa. Para o Brasil isto é uma mudança no patamar que vimos nos últimos anos e a expectativa é sim de otimismo.

O cenário de fusões e aquisições deve ser mais movimentado neste ano, tanto pelo lado buy-side estrangeiro, quanto da situação das empresas nacionais. O que esperar desse processo?

Alessandro Zema: Quando os mercados de capitais reabrem e existe maior previsibilidade no cenário macro, isto proporciona um ambiente mais propício para fusões e aquisições. Acredito que continuaremos a ver operações de consolidação de setor acontecendo (como os casos de KROTON/Estacio, CETIP/Bovespa), um fluxo importante de operações envolvendo empresas de private equity, assim como um fluxo de operações cross-border importante.

Eduardo Miras: O mercado de fusões e aquisições deve ser bastante movimentado como uma alternativa e oportunidade, dado o cenário atual. Cada empresa, do mesmo modo que em operações de mercado de capitais, possui sua especificidade, mas devemos ver um movimento interessante. Do ponto de vista do banco, o que tentamos fazer, até aquilo que é possível, é gerar ideias para empresas brasileiras e estrangeiras. Para um banco como o nosso no Brasil, é muito mais interessante eu estar representando um vendedor, do que um comprador, visto que a probabilidade de sucesso é muito maior. Mas, novamente, se eu não puder uma oportunidade, há a busca ativa no Brasil quanto fora do Brasil. A estrutura global do banco auxilia para ampla busca de oportunidades e interessados no M&A, o que é importante para se buscar também operações cross-border.

Em 2006 e 2007, o mercado de capitais viveu seus anos de ouro, com dezenas de empresas correndo à bolsa para abrir capital, algo que não voltou a acontecer. Vocês acreditam que há condições de voltar a um período de tamanha efervescência à longo prazo?

Alessandro Zema: No longo prazo, sim; no curto prazo, não. Neste período que você menciona, no ano de 2007 se eu não me engano, houve 65 aberturas de capital no brasil, e isso envolveu empresas pré operacionais, empresas em processo de crescimento muito grande, e que tinham como tese uma consolidação do setor etc. Durante o período de boa vontade do Brasil, qualquer coisa vendia. Hoje, só vem a mercado e só têm sucesso no mercado empresas que tem uma história resiliente para contar, ou seja, empresas que mesmo durante a crise conseguiram performar. Se você trouxer ao mercado uma empresa pré operacional ou que sofreu muito durante a crise, ela não tem a menor chance de voar. Para que essas empresas possam voltar a ter sucesso no mercado, temos que consolidar a recuperação de credibilidade, e estamos só no começo dessa retomada de credibilidade, e criar cenário de efervescência no longo prazo. Mas os sinais no curto prazo são certamente mais positivos do que os que vimos nos anos passados. Como lidamos com muitos fatores exógenos, por exemplo não sabendo quem será eleito em 2018. Mas se soubéssemos que quem quer que fosse eleito mantivesse uma agenda de reformas que permitisse ao Brasil retomar o rating de investiment grade que o Brasil demorou tanto para conseguir e perdeu tão rápido, poderíamos pensar que em 3 anos estaríamos em uma situação muito melhor do que a de agora. Mas a incerteza em relação a sequência de reformas estruturais que o Brasil precisa não me da visibilidade pra dizer o que é o longo prazo, isso depende muito do resultado das eleições do ano que vem.

Eduardo Miras: O Brasil é um país de ciclos. Afirmar que não vamos passar novamente por um momento daquele é muito arriscado, mas claramente durante os anos de 2006 e 2007 houveram exageros que, no final, acabam gerando um impacto de longo prazo no mercado. Assim como, anos antes nos Estados Unidos, houve a bolha das empresas de tecnologia com diversos IPOs que causam impactos, aqui no Brasil viveu-se um exagero de se ter até 15 empresas do mesmo setor, onde não se havia escala, fazendo operação no mercado de capitais. Então, novamente, foi um período de bonança, mas não saudável para se ter algo sustentável ao longo prazo. Se este ano nós tivermos entre 25 e 30 transações me parece ser algo muito mais sustentável e com empresas de muita mais qualidade. Acredito que voltar a aquele período é muito difícil, tanto pelo lado macroeconômico dado que voltar a crescer a 4%, 5% é bastante longe de acontecer, mas se os bancos de investimentos e as companhias não cometerem os erros que ocorreram na década passada, podemos ter um mercado mais equilibrado e sofisticado.

Mais uma vez, o país se viu envolvido em um escândalo de má conduta de empresas, como revelado na Operação Carne Fraca. Como vocês acreditam que este novo escândalo afetará o país sendo que a Moody’s recentemente mudou o rating do país (para um menos negativo)?

Alessandro Zema: Quando uma empresa resolve investir em qualquer país, ela leva em conta diversos fatores, como o potencial de demanda e consumo daquele país, se existem regras estabelecidas, um judiciário independente, se existe democracia ou se pode de repente acontecer uma nacionalização do investimento, ou seja, diversos fatores são levados em conta. No Brasil, existe uma complexidade muito grande tributária e é difícil para as multinacionais, e até para as brasileiras, conseguirem entender a confusão tributária que nós temos. Fatores negativos e positivos eram colocados na balança, até agora. O fator lava jato certamente é um fator de preocupação. Em todo processo de M&A que nós fazemos hoje em dia se gasta mais tempo fazendo diligência do que se gastava antes, pra tentar entender se existe algum eventual passivo e ações que determinada empresa possa ter tomado. A corrupção no Brasil é, sem dúvida nenhuma, um fator muito negativo. O que esperamos é que depois de passar por todo esse exercício, o Brasil saia muito melhor do que entrou. Que as práticas que nos últimos anos viraram corriqueiras sejam abandonadas. Essa é a primeira vez que estamos vendo políticos e empresários de grande calibre sendo presos e não sendo soltos no dia seguinte com habeas corpus. Então, estes escândalos podem atrapalhar agora, mas podemos ficar otimistas que no médio e longo prazo nós vamos sair melhor dessa do que entramos.

Eduardo Miras: A Moody’s mudou a perspectiva de negativa para neutra, dando algum crédito em relação ao que tem sido feito do ponto de vista macroeconômico. Acho que a operação Carne Fraca é algo muito mais isolada, que impacta sim um setor muito importante, mas não a economia como um todo. Até então, penso que o maior problema que temos é o processo de investigação e julgamento da Lava Jato, que num ponto de vista geral é muito mais importante e relevante que a operação Carne Fraca, que no longo prazo tende a não ter impacto tão significativo. A Lava Jato é mais relevante e ainda continuará por anos gerando impacto político. Um dia, alguém da geração de vocês estará no meu lugar e ainda estarão falando da Lava Jato.

Vê-se Marine Le Pen na disputa pela presidência da França, candidata extremamente conservadora e contrária à permanência da França na União Europeia. Qual futuro vocês acreditam que teria a União Europeia se a França optasse por sair do bloco econômico? Qual o impacto disso para o Brasil?

Alessandro Zema: Os movimentos nacionalistas que vemos, como os EUA querendo sair do NAFTA e a Inglaterra da União Europeia, geram, de certa forma, oportunidades para o Brasil. Ao sair de um bloco, um país perde parceiros, o que cria oportunidades para países exportadores, como o Brasil, para a realização de acordos comerciais. A saída da França da União Europeia pode impactar o bloco econômico europeu ainda mais que a saída da Inglaterra, uma vez que os ingleses não foram signatários da criação da União e nem aceitaram o Euro, além de possuírem uma relação conflituosa com a Europa Continental. No caso da França, localizada no cento da comunidade Europeia e uma das fundadoras do bloco, a saída enfraqueceria a União Europeia e poderia gerar um efeito cascata, fazendo com que outros países se questionem sobre sua permanência.

Eduardo Miras: Não sou especialista em assuntos relacionados à União Europeia, mas o que posso dizer é que qualquer turbulência internacional impacta o Brasil, e isso já vimos ao longo da historia. O Brasil tem uma característica não muito positiva, mas que acaba nos beneficiando nesses aspectos, que é o fato de a nossa economia ser pouco aberta e ainda possuirmos muitas reservas, diferente de quando comecei minha carreira há 20 anos. Naquela época o país tinha ainda mais dívidas externas, então qualquer evento impactava de forma significativa, como exemplo tivemos a crise da internet, a crise da Ásia e a crise da Rússia. Hoje, acho que as crises externas impactam menos, mas continuam não sendo positivas, pois o mundo é totalmente interligado, então qualquer turbulência externa, principalmente a saída da França da União Europeia, causa sim um impacto no Brasil. A saída da Grã Bretanha, interfere no mercado, ele oscila, mas não muda muito. Nosso problema é interno. Infelizmente postergamos muitas reformas, já que nos beneficiamos bastante do mercado externo, mas creio que se não houver nenhuma revolução significativa no mercado internacional e o Brasil for se estruturando de uma maneira melhor, temos chance de, aos poucos, encontrar nosso rumo.

O recente e polêmico projeto de alteração das leis de terceirização promete afrouxar alguns dos atuais vínculos trabalhistas dentro de empresas. Qual sua visão sobre este novo projeto? Como você acredita que este afetaria o Brasil, tanto da perspectiva econômica quanto social?

Alessandro Zema: A legislação trabalhista brasileira tem mais de 60 anos de idade. Ela foi elaborada na época de Getúlio Vargas de acordo com as características econômicas do momento e desde então não foi atualizada, o que a torna muito defasada. Dessa forma, acredito que uma reforma trabalhista é essencial. Ao conversar com empresas, percebe-se que elas reclamam muito do custo de contratação e demissão de funcionários. Além disso, apresentamos, atualmente, uma taxa de desemprego de dois dígitos em um país em desenvolvimento. Uma flexibilização nas leis trabalhistas certamente acarretaria menor desemprego e menor custo para a empresas, que por sua vez, passariam a possuir mais dinheiro para investir e pagar impostos. Acredito, então, que o impacto da reforma seja positivo. Quando se tem um custo alto em relação a contratação e demissão de funcionários, o primeiro pensamento do empresário é não contratar, ou seja, ele decide fazer mais com menos. O barateamento dos custos faria com que tal empresário contratasse mais, o que seria benéfico do ponto de vista econômico e social.

Eduardo Miras: O grande problema do Brasil é que nós resolvemos as situações fazendo remendos em coisas existentes e nunca conseguimos fazer algo mais estruturado e amplo, a exemplo da terceirização e da discussão da idade mínima de aposentadoria. O problema do Brasil é que somos uma democracia jovem e não conseguimos fazer nada de forma estruturada, profunda e radical. E como não somos uma ditadura, precisamos atender demandas de diferentes setores. Qualquer flexibilização feita na economia, na qual se crie mais dinamismo, desde que hajam regras, é positiva. Não acho que vá haver terceirização de tudo, existem prós e contras, o mercado deveria se equilibrar. Se uma empresa terceiriza demais, passa a perder qualidade. Mas ela ter essa possibilidade já é positivo.

Se você pudesse dar um conselho para os alunos do Insper no começo de suas carreiras profissionais. O que você falaria?

Alessandro Zema: Nunca podemos parar de aprender, principalmente na faculdade. Se o mercado financeiro é algo que atrai os alunos do Insper, quanto mais eles conversarem com pessoas da área, e mais se informarem sobre o mercado, melhor será. Quando nós entrevistamos candidatos, perguntamos o que a pessoa leu no jornal nos últimos dias e qual o impacto desses fatos no mercado financeiro. Se a pessoa não se mantém atualizada ou não identifica a forma como a notícia influencia no dia-a-dia do mercado financeiro, é difícil de convencer uma empresa de contratá-la como alguém que possui interesse no mercado financeiro.

Eduardo Miras: Prestem atenção nas aulas e deem mais valor ao que vocês aprendem em sala de aula, mais do que, provavelmente, vocês estão fazendo. Não tentem pular etapas, a faculdade é extremamente importante, então façam ela bem feita e ela dará uma boa base. Também acho que equilibrar isso com experiências profissionais no começo da carreira é algo muito importante, mas buscar esse equilíbrio. Não arrumar um estágio e ficar lá doze horas largando a faculdade, mas também não ficar só no mundo acadêmico. Ter uma exposição no começo e durante a faculdade é bastante importante – no meu caso próprio foi bastante enriquecedor.

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Comment(1)

Um comentarista do WordPress
7 de novembro de 2019 At 5:28 pm

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